Arquitetura Civil

Solar dos Távoras

Viveu em Amoreira, a nobre família dos Távoras e algum dos seus descendentes, mais conhecidos pela família Tavares Ferrão.

O primeiro proprietário de vulto da casa dos Távoras de Amoreira da Gândara que nos aparece referenciado e Afonso Vicente, homem da privança de Gonçalo de Gamide, escrivão da Puridade de El-Rei D. João I. Sabe-se que Afonso Vicente o acompanhou na tomada de Ceuta e por tal recebeu mercês de D. João, D. Duarte e D. Afonso V, bem como exerceu o ofício de escrivão das Sisas de Aveiro, cargo de que D. Duarte lhe mandou passar carta em Almeirim aos 16 de Dezembro de 1433, confirmada em Santarém aos 22 de Agosto de 1439, Ora Afonso Vicente foi senhor de dois casais em Amoreira da Gândara, senhorio que nos aparece citado no foral de Sangalhos, que D. Manuel assinou e datou em Lisboa a 20 de Agosto de 1514, Textualmente diz-nos isto o documento: "tirando dois cartazes de Afonso Vicente, que pagão sabido dois capoens e pao sabido a saber de cada hu: outtro alqueires e metade trigo e aoutra de centeo".

Sabe-se ainda que estas terras eram separadas pelo rio Real e, a ter em conta o testemunho do seu 4º neto o licenciado Custódi o Fernando das Neves, mandou edificar no do lado norte sua moradia, mais dizendo que seu antepassado "houve de gran poder e fama", cultivando e povoando toda a zona que dantes eram matos bravios. Outro documento a salientar data de 1768, quando se fez um levantamento dos bens de D. Maria Angélica das Neves, viúva do doutor Manuel Afonso Vicente. Nele voltam a aparecer os citados casais, afirmando-se que no lado norte situam as casas de habitação, casa de lagares, estrebarias e mais dependências. Afonso Vicente casou com Catarina Lopes e teve um filho, Vasco, herdeiro das fazendas de seu pai, e uma filha; Catarina Afonso, mulher que foi de Martim Gomes Mexia, filho de Lopo Vaz Mexia. Ora ate a segunda metade do século XVIII e como já deixamos atrás citado, não nos aparecem os apelidos de Mendonça Ferrão e Castelo-Branco. Não excluímos a hip6tese de ter havido um casamento no século XVII com os Tavares de A veiro, algum descendente de Francisco de Tavares e sua mulher D. Joana de Távora, instituidores da capela-panteão no convento de Jesus de A veiro, segundo 0 letreiro existente que data essas obras de 1592. Para este trabalho e 0 que interessa e que a pedra de armas, com os quartéis esculpidos, data dos finais do século XVIII, talvez mesmo dos primeiros anos do século XIX, se atendermos que se encontra inserida num cunhal de cantaria de construção simples de rés do chão e l° andar. Durante a guerra civil era senhor da Casa Real, coronel de Milícia da Figueira da Foz, cavaleiro da Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição, que se bateu no cerco do Porto pelo Senhor D. Miguel e foi Morgado de Recardães e Fontechans. 0 filho deste, José Pintio de Tavares Ferrão Castelo-Branco, senhor da quinta da Silveirinha, em Veiros, não só herdou todas as honras de seu pai, como foi ainda senhor das Casas das Tenentas, em Anadia, e da Sepins, casando com a filha do Bacharel Fernando Afonso de Almeida Coutinho, da casa dos Capitães-Morés de Anadia, e sendo estes pais do já citado D. Fernando de Tavares e Távora.

 

Armas e dados Genealógicos:

Em estudo francês esquartelado, rematado pelo coronel de nobreza, lêem-se os seguintes nomes:

1 ° - Ferrão - De prata, com cinco arruelas de vermelho, cada uma com seu ferrão azul, apontado para baixo; 2° - Castelo-Branco - De azul, com um leão de ouro,

armado e lampassado de vermelho;

3° - Tavares - De ouro, com cinco estrelas de seis raios de vermelho;

4° - Mendonça - Frachado: 0 primeiro e 0 quarto de verde, com banda de vermelho, perfilada de ouro; 0 segundo e 0 terceiro de ouro, com um S a negro.

As origens dos Castelo-Branco ficaram " mencionadas quando se registou um pouco de história da Casa de Óis do Bairro. 

 

Ferrão:

Este nome já existia no século XV, se bem que se desconheça a sua origem. Sabe-se que o mais antigo que aparece mencionado e Álvaro Gonçalves Ferrão, morador em Viseu e casado com Branca Vaz da Costa. Destes nasceu uma Leonor ou Joana Ferrão, que casou com Vasco Pais de Castelo -Branco, filho de Vasco Pais Cardoso, alcaide-mor de Trancoso, senhor de Moreira e Ervilhao, e de sua mulher D. Isabel Vasques de Castelo - Branco, de quem houve larga descendência que propagou o apelido Ferrão Castelo-Branco, como e o caso dos senhores desta Casa.

                                                                                 Aqua nativa Nº 14 pág. 72

 

Assim, no centro da povoação, a marginar a estrada e debruçado sobre o rio de Levira, fica o solar de l778,com o respectivo brasão.

Abre-se a entrada, na fachada lateral do corpo da esquerda, dando acesso, a uma boa escadaria de dois lanços, um deles perpendicular a outro paralelo à fachada, com dois patamares.

As guardas da escada são de balaústres.

A porta é de vãos curvos e aros recortados.

 

  Solar dos Távoras                                                                    Brasão da casa dos Távoras

(fotos por Graça Pintado - 2004)